Túmulo de Lázaro: “Aqui não espaço para desespero.” | Custodia Terrae Sanctae

Túmulo de Lázaro: “Aqui não espaço para desespero.”

Continuando o ciclo das peregrinações quaresmais, os Franciscanos da Custódia fizeram duas, nesta semana.

A primeira, nesta terceira semana da Quaresma, aconteceu na quarta-feira, à tarde, no Convento da Flagelação, em Jerusalém, na segunda estação da Via-Sacra. Fr. Najib, Guardião do santuário, presidiu a celebração da missa e P. Vincenzo Lo Passo, professor de exegese no Studium Biblicum Franciscanum, fez a homilia. P. Vincenzo enfatizou a forma de prefigurar a Paixão de Jesus, por meio dos profetas. A segunda leitura possibilitou redescobrir o que significa um servo de Javé, hoje: fidelidade e perseverança. Em seguida, comentou o Evangelho. “Apesar de não sermos pequenas cópias de Cristo, o Evangelho nos convida a observar, experienciar e confrontar o sofrimento, violento ou não. Participando ou superando o sofrimento, então, se torna oportunidade de mostrar a nós mesmos a sermos consistentes em nossas convicções, e testemunhá-las.”

Cristo experimentou sofrimento e dor, inclusive ao ver seus amigos em dor ou angústia. Disso a segunda peregrinação, na quinta-feira de manhã, em Betânia, fez-nos recordar, junto ao túmulo de Lázaro.

Antes que viesse o ônibus com os frades e alguns amigos, o Padre Secretário da Custódia, atualmente Fr. Sergio Galdi, teve o privilégio de celebrar, às 6h30min, a missa dentro do túmulo do amigo de Jesus. No apertado espaço, apenas poucas pessoas tiveram o privilégio de reunir-se ao redor do altar portátil, ereto para o momento, e escutar a bonita homilia de Fr. Sérgio: “Diante da morte, os cristãos não têm espaço para desespero. Sim, podemos sofrer a dor da separação, recordando os tempos de convivência em amizade, mas temos a certeza de que, no céu, um pai, um pai querido, nos aguarda com um plano de amor.”

P. Luca Grassi pregou na missa das 7h30min, presidida pelo Vigário da Custódia, Fr. Dobromir Jasztal. Após a celebração, os frades foram em procissão ao túmulo de Lázaro. Dali, poderiam, facilmente, continuar a peregrinação no Monte das Oliveiras até o Lugar da Ascensão, na colina defronte. Contudo, as forças da segurança de Israel haviam trancado hermeticamente a rota; assim, em vez de andar 2km, foi necessário subir de novo no ônibus e andar 15km até a capela. Os Frades, então, encerraram a peregrinação matinal no Mosteiro carmelita do Pai-Nosso, segundo a tradição.

Enquanto os outros voltavam a Jerusalém, Fr. Michael Sarquah e Fr. Eleazar Wroński permaneceram em Betânia. Fr. Michael é o Guardião do lugar. Há sete anos, acolhe grupos de peregrinos que se dirigem ao lugar; grupos que devem ser recomendados a seguir os passos de Cristo, mesmo quando não for opção óbvia, pois Betânia não está na rota. A gente tem que querer ir para lá!

Para Fr. Marcelo Cichinelli, a constante presença da Custódia nos lugares, protegê-lo é de capital importância. “Alguns vilarejos, às vezes, estão completamente desertos. Os Frades permaneceram, continuando a guardá-los e a mantê-los, não somente os edifícios, que são secundários, mas a memória dos acontecimentos na vida de Cristo, no lugar. É sempre essa memória de Cristo que guia nossas ações. Não há risco ou perigo de ir a Betânia; no máximo, há inconveniência no momento de voltar de lá. Mas, risco e inconveniência fazem parte de uma peregrinação. Quanto à perseverança dos Frades, isso traz frutos. O mais importante exemplo disso é o lugar do Batismo de Jesus, no Rio Jordão. Os Frades persistiram em fazer peregrinações ao lugar, mesmo quando o lugar estava fechado, e hoje está permanentemente aberto aos maiores grupos de peregrinos!”

Por sua vez, Fr. Michael diz: “É difícil dizer quantos grupos vêm, por mês ou ano. Talvez sejam 5.000 pessoas por mês? Eles vêm de todo lado e é verdade que dão vida ao santuário. Gosto de recebê-los!” Com 5.000 pessoas vindos em peregrinação, em cada estação do ano, o santuário recebe 30 a 40.000 peregrinos por ano, muito aquém de Belém, que recebe uns dois milhões, com percentagem de mais de 5.000 por dia.

A Custódia, porém, olha com carinho para esses trinta ou quarenta mil, pois em Al Azariya (nome árabe de Betânia) está o “espaço, não de desespero, mas o de acolher Cristo”.