Sexta-Feira Santa, comemoração da Paixão e Via-Sacra | Custodia Terrae Sanctae

Sexta-Feira Santa, comemoração da Paixão e Via-Sacra

Nesta sexta-feira da Semana Santa, quase incontáveis eram os smartphones, selfiesticks e máquinas fotográficas nas mãos da multidão que se comprimia diante do Santo Sepulcro. Algumas centenas de peregrinos e cristãos locais saltaram da cama de madrugada a fim de assistir ao ingresso solene do Patriarca latino de Jerusalém, guiado pelos Franciscanos, e para ver a abertura das portas da Basílica da Ressurreição, fechada na vigília. Alguns cantam, outros falam, mas todos estão bem atentos, prontos para adentrar o velho edifício, antes que as portas sejam fechadas, durante a celebração da Paixão de Jesus.
No Calvário, o clero e o coral da Custódia estão junto a várias dúzias de peregrinos, enquanto outros fiéis se amontoaram na escada. Contudo, a assembleia forma um todo único: «No começo havia rumor, até que cada um encontrou seu lugar, mas quando o canto da Paixão começou, reinou silêncio profundo, total, impressionante!» disse Maëlle, uma jovem francesa do coral. Dominic, proveniente de Singapura, confirmou: «Estava lá em baixo, mas ouvi tudo, em atmosfera de profunda oração!» A veneração da Santa Cruz, no lugar mesmo da crucifixão, é o apogeu dessa celebração. Lá onde a cruz da infâmia foi plantada, as relíquias da mesma cruz são um sinal palpável da Salvação. Enquanto as hóstias, consagradas na Vigília, foram trazidas em procissão desde o Santo Sepulcro até o Calvário, o fervor foi tropel para a comunhão.
Depois da celebração, falou-se em voz baixa com os vizinhos, na espera de que as portas do Santo Sepulcro sejam abertas. Todos esses católicos, vindos de vários países, estão aqui reunidos a fim de vivenciar a Sexta-Feira Santa em Jerusalém, que acontece também na Via-Sacra.
O contraste é enorme. Apenas há alguns dias, na grande procissão dos Ramos, a multidão estava alegre, dançando e cantando. Hoje, nas ruas de Jerusalém, o cortejo é numeroso, mas muito mais recolhido, pois essa é para os católicos a ocasião de viver solenemente a Via- Sacra de Jesus. A multidão quase não cabe nas vielas estreitas da Cidade Velha. O exército e a polícia de Israel, que estão a serviço da ordem, conseguem bem ou mal fazer-se ouvir. Apesar da desordem, o ruge-ruge das pedras multiseculares de Jerusalém é belo: dezenas de diferentes idiomas se unem a fim de rezar o Padre-Nosso e a Ave-Maria.
No fim da manhã, as duas Vias-Sacras se sucedem. Aquela dos Franciscanos, seguida por um grupo de fiéis; depois, a da Paróquia árabe latina, guiada pelos escoteiros. Na multidão, uma peregrina comenta: «É difícil rezar nessa confusão! Mas, o que importa é estar presente e caminhar com Jesus!» Como em cada Via-Sacra, a procissão termina no Santo Sepulcro, onde terminou há dois mil anos. Cristo deu sua vida pela salvação do mundo. A multidão faz silêncio. Numerosos fiéis unir-se-ão, a noite, à impressionante liturgia da procissão fúnebre de Jesus.