Preparado com cuidado pelos encarregados da organização deste extraordinário evento, na manhã do dia 30 de janeiro iniciou-se o III Congresso Internacional dos Comissários da Terra santa, que reuniu mais de 110 participantes provenientes de todo o mundo, entre os quais Comissários e Vice-comissários de 44 países. Ao lado dos mesmos, o Ministro Geral da Ordem, Frei José Rodriguez Carballo, presente em todos os trabalhos, a Cúria Geral, o Custódio da Terra Santa, Frei Pierbattista Pizzaballa, a Comissão econômica, a Cúria custodial, os especialistas, colaboradores, tradutores, secretários, fotógrafos e jornalistas.
A jornada foi aberta com a celebração eucarística na Igreja paroquial de S. Salvador e presidida pelo Ministro Geral. Na sua homilia, partindo da liturgia da festa da Transfiguração proposta pelo Congresso, Frei Carballo, que foi ordenado sacerdote na Terra Santa e celebrou sua primeira missa no Santo Sepulcro, ressaltou de forma especial a vocação a qual foram chamados, atualmente há mais de 800 anos, os franciscanos que trabalham pela Terra Santa, a pérola das missões da Ordem. História de luta e sofrimento, mas de extraordinário valor, já que estes frades são, em nome da Igreja Católica e de toda a Ordem, custódios dos Lugares Santos e custódios e animadores das “pedras vivas” da Igreja Mãe de Jerusalém. Os comissários da Terra Santa por sua vez, oferecem sua preciosa contribuição para a realização dos fins pastorais, sociais e formativos da Custodia. Como os apóstolos chamados por Jesus a assistir a maravilha da transfiguração do Senhor e anunciar aos irmãos o que viram e experimentaram assim os cristãos, e, sobretudo os franciscanos da Custódia, devem subir a montanha – como peregrinos no caminho que leva a Deus, operando como voz profética no mundo -, ouvir - aproximarem-se de Jesus, Filho dileto e Palavra definitiva do Pai e estar sempre em comunhão com Ele -, testemunhar – falar aos irmãos do encontro com Jesus na terra que Ele habitou e acompanhá-los, subindo a montanha e escutando a Palavra, ao encontro pessoal com Ele. Este é o desafio, a vocação e a missão: não ser simplesmente mestres, mas testemunhas, através das quais os peregrinos e todos aqueles que chegam a Terra Santa possam ter a possibilidade de descobrir e de acolher a graça destes Santos Lugares.
Terminada a celebração, os trabalhos do Congresso foram abertos na Sala da Imaculada do Convento de S. Salvador, onde, depois de uma introdução feita por Frei Giorgio Vigna, responsável pelo Escritório e Coordenação dos Comissários da Terra Santa, o qual deu aos participantes importantes informações quanto à organização dos trabalhos e a programação dos dias, o Ministro Geral tomou novamente a palavra, examinando com profundidade os deveres dos franciscanos na Terra Santa e a relação privilegiada que deve unir os Comissários à Custódia. Nesta Terra tão amada por S. Francisco, que após três tentativas de viajar à Terra Santa, conseguiu realizá-la em 1219, “a providência quer – como disse o Papa Paulo VI – que, ao lado dos irmãos das Igrejas Orientais, pela cristandade do ocidente fossem sobretudo os frades de Francisco de Assis, santo da pobreza, humildade e paz, a interpretar o desejo cristão de guardar os lugares nos quais estão fundadas nossas raízes espirituais”.
Os Comissários da Terra Santa, “embaixadores” da Custódia no mundo, inauguram neste dia o III Congresso Internacional, que se celebra a cada 6 anos, segundo determinação do Discretório custodial, e que terá como empenho conjunto, redigir o Vademecum para os comissários, prestando particular atenção à identidade dos Comissariados em relação com as Províncias da Ordem e a Custódia, como também a sua missão, para que sirva de orientação e linha de ação para este precioso serviço que os Comissários prestam a Terra Santa. O Congresso Internacional deve ser também uma ocasião fundamental para promover a conhecimento recíproco entre os Comissários e entre eles e os frades da Custódia a fim de incrementar o conhecimento, o interesse e a devoção para com os Lugares Santos. Porque “os Lugares Santos têm necessidade de cuidado e, portanto, têm necessidade de dinheiro; têm necessidade, sobretudo, dos irmãos sacerdotes e dos irmãos leigos, frades apaixonados por Cristo e por sua Terra; têm necessidade de paixão evangelizadora, de atenção aos peregrinos, daquela particular sensibilidade para com as criaturas e a criação da quais somos portadores como franciscanos. Têm necessidade de frades que animem os cristãos locais com o mesmo amor que Francisco reservava às pessoas pobres, humildes e desprezadas de seu tempo; têm necessidade de frades que amem esta Terra santificada pela vida terrena do Filho de Deus e de sua Mãe pobrezinha e venerada por S. Francisco, e ali, de modo particular, sejam testemunhas do Evangelho de Jesus Cristo e de seu Reino de Paz”. Cientes, portanto da amplitude e da importância do campo de ação dos franciscanos na Terra Santa, Frei Carballo concluiu sua intervenção com algumas perguntas quanto à identidade e ao trabalho dos Comissários e seu relacionamento com a Custódia da Terra Santa e com as respectivas Províncias, introduzindo assim a reflexão sucessiva que seria aprofundada ao longo do dia.
Neste ponto foi o Custódio da Terra Santa, Frei Pierbattista Pizzaballa, a saudar os presentes no congresso e a colocar em foco o sentido do encontro e as expectativas para com os resultados dos trabalhos da semana. O custódio então inaugurou a reflexão sobre o primeiro dos três principais temas do Congresso, ou seja, Os Comissários e seu relacionamento com a Custódia, a Província e as Dioceses. Na sua reflexão frei Pizzaballa trouxe a luz os aspectos críticos e as necessidades essenciais que configuram o relacionamento dos Comissários com suas respectivas Províncias, a responsabilidade dos Comissários na promoção vocacional para a Terra Santa, na organização e animação das peregrinações, em melhorar o conhecimento da Custódia, no favorecimento das relações com os bispos e igreja locais, na valorização das competências de comunicação e de diálogo com todas as realidades e figuras diretamente e indiretamente ligadas a Terra Santa. Antes de concluir a sua relação, Frei Pizzaballa levantou algumas questões práticas, concretas, que sempre insinuam tensões e dificuldades, razão pela qual o conteúdo do Vademecum e a Comissão Jurídica da Custódia e da Ordem devem prestar particular atenção.
Foi feita em seguida a relação de frei Dobromim J. Jasztal, professor de Direito Canônico, que examinou o tema do relacionamento dos Comissários com a Custódia, com as Províncias e com as dioceses do ponto de vista jurídico.
À tarde, após o almoço no convento de S. Salvador, foram realizados os trabalhos dos grupos lingüísticos, que aprofundaram as idéias apresentadas pelos especialistas na primeira parte do dia, na intenção de individuar soluções e estratégias de ação adequadas em vista da elaboração do vademecum e do documento conclusivo dos trabalhos. A jornada foi concluída com a celebração das Vésperas na Igreja de S. Salvador, presidida por Frei Jeremy Harrington, Comissário da Terra Santa nos Estados Unidos.
Texto de Caterina Foppa Pedretti
Foto de Miriam Mezzera
A jornada foi aberta com a celebração eucarística na Igreja paroquial de S. Salvador e presidida pelo Ministro Geral. Na sua homilia, partindo da liturgia da festa da Transfiguração proposta pelo Congresso, Frei Carballo, que foi ordenado sacerdote na Terra Santa e celebrou sua primeira missa no Santo Sepulcro, ressaltou de forma especial a vocação a qual foram chamados, atualmente há mais de 800 anos, os franciscanos que trabalham pela Terra Santa, a pérola das missões da Ordem. História de luta e sofrimento, mas de extraordinário valor, já que estes frades são, em nome da Igreja Católica e de toda a Ordem, custódios dos Lugares Santos e custódios e animadores das “pedras vivas” da Igreja Mãe de Jerusalém. Os comissários da Terra Santa por sua vez, oferecem sua preciosa contribuição para a realização dos fins pastorais, sociais e formativos da Custodia. Como os apóstolos chamados por Jesus a assistir a maravilha da transfiguração do Senhor e anunciar aos irmãos o que viram e experimentaram assim os cristãos, e, sobretudo os franciscanos da Custódia, devem subir a montanha – como peregrinos no caminho que leva a Deus, operando como voz profética no mundo -, ouvir - aproximarem-se de Jesus, Filho dileto e Palavra definitiva do Pai e estar sempre em comunhão com Ele -, testemunhar – falar aos irmãos do encontro com Jesus na terra que Ele habitou e acompanhá-los, subindo a montanha e escutando a Palavra, ao encontro pessoal com Ele. Este é o desafio, a vocação e a missão: não ser simplesmente mestres, mas testemunhas, através das quais os peregrinos e todos aqueles que chegam a Terra Santa possam ter a possibilidade de descobrir e de acolher a graça destes Santos Lugares.
Terminada a celebração, os trabalhos do Congresso foram abertos na Sala da Imaculada do Convento de S. Salvador, onde, depois de uma introdução feita por Frei Giorgio Vigna, responsável pelo Escritório e Coordenação dos Comissários da Terra Santa, o qual deu aos participantes importantes informações quanto à organização dos trabalhos e a programação dos dias, o Ministro Geral tomou novamente a palavra, examinando com profundidade os deveres dos franciscanos na Terra Santa e a relação privilegiada que deve unir os Comissários à Custódia. Nesta Terra tão amada por S. Francisco, que após três tentativas de viajar à Terra Santa, conseguiu realizá-la em 1219, “a providência quer – como disse o Papa Paulo VI – que, ao lado dos irmãos das Igrejas Orientais, pela cristandade do ocidente fossem sobretudo os frades de Francisco de Assis, santo da pobreza, humildade e paz, a interpretar o desejo cristão de guardar os lugares nos quais estão fundadas nossas raízes espirituais”.
Os Comissários da Terra Santa, “embaixadores” da Custódia no mundo, inauguram neste dia o III Congresso Internacional, que se celebra a cada 6 anos, segundo determinação do Discretório custodial, e que terá como empenho conjunto, redigir o Vademecum para os comissários, prestando particular atenção à identidade dos Comissariados em relação com as Províncias da Ordem e a Custódia, como também a sua missão, para que sirva de orientação e linha de ação para este precioso serviço que os Comissários prestam a Terra Santa. O Congresso Internacional deve ser também uma ocasião fundamental para promover a conhecimento recíproco entre os Comissários e entre eles e os frades da Custódia a fim de incrementar o conhecimento, o interesse e a devoção para com os Lugares Santos. Porque “os Lugares Santos têm necessidade de cuidado e, portanto, têm necessidade de dinheiro; têm necessidade, sobretudo, dos irmãos sacerdotes e dos irmãos leigos, frades apaixonados por Cristo e por sua Terra; têm necessidade de paixão evangelizadora, de atenção aos peregrinos, daquela particular sensibilidade para com as criaturas e a criação da quais somos portadores como franciscanos. Têm necessidade de frades que animem os cristãos locais com o mesmo amor que Francisco reservava às pessoas pobres, humildes e desprezadas de seu tempo; têm necessidade de frades que amem esta Terra santificada pela vida terrena do Filho de Deus e de sua Mãe pobrezinha e venerada por S. Francisco, e ali, de modo particular, sejam testemunhas do Evangelho de Jesus Cristo e de seu Reino de Paz”. Cientes, portanto da amplitude e da importância do campo de ação dos franciscanos na Terra Santa, Frei Carballo concluiu sua intervenção com algumas perguntas quanto à identidade e ao trabalho dos Comissários e seu relacionamento com a Custódia da Terra Santa e com as respectivas Províncias, introduzindo assim a reflexão sucessiva que seria aprofundada ao longo do dia.
Neste ponto foi o Custódio da Terra Santa, Frei Pierbattista Pizzaballa, a saudar os presentes no congresso e a colocar em foco o sentido do encontro e as expectativas para com os resultados dos trabalhos da semana. O custódio então inaugurou a reflexão sobre o primeiro dos três principais temas do Congresso, ou seja, Os Comissários e seu relacionamento com a Custódia, a Província e as Dioceses. Na sua reflexão frei Pizzaballa trouxe a luz os aspectos críticos e as necessidades essenciais que configuram o relacionamento dos Comissários com suas respectivas Províncias, a responsabilidade dos Comissários na promoção vocacional para a Terra Santa, na organização e animação das peregrinações, em melhorar o conhecimento da Custódia, no favorecimento das relações com os bispos e igreja locais, na valorização das competências de comunicação e de diálogo com todas as realidades e figuras diretamente e indiretamente ligadas a Terra Santa. Antes de concluir a sua relação, Frei Pizzaballa levantou algumas questões práticas, concretas, que sempre insinuam tensões e dificuldades, razão pela qual o conteúdo do Vademecum e a Comissão Jurídica da Custódia e da Ordem devem prestar particular atenção.
Foi feita em seguida a relação de frei Dobromim J. Jasztal, professor de Direito Canônico, que examinou o tema do relacionamento dos Comissários com a Custódia, com as Províncias e com as dioceses do ponto de vista jurídico.
À tarde, após o almoço no convento de S. Salvador, foram realizados os trabalhos dos grupos lingüísticos, que aprofundaram as idéias apresentadas pelos especialistas na primeira parte do dia, na intenção de individuar soluções e estratégias de ação adequadas em vista da elaboração do vademecum e do documento conclusivo dos trabalhos. A jornada foi concluída com a celebração das Vésperas na Igreja de S. Salvador, presidida por Frei Jeremy Harrington, Comissário da Terra Santa nos Estados Unidos.
Texto de Caterina Foppa Pedretti
Foto de Miriam Mezzera