Semana de oração pela unidade dos cristãos: juntos ter confiança | Custodia Terrae Sanctae

Semana de oração pela unidade dos cristãos: juntos ter confiança

Em Jerusalém, por respeito à celebração do Natal armênio, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, com o tema “Cristo não pode estar dividido!”, iniciou no sábado, 25 de janeiro, data em que, no resto do mundo, essa semana chegava à conclusão. Os fiéis de Jerusalém uniram-se aos Gregos ortodoxos para o ofício religioso, celebrado no Santo Sepulcro.
No dia seguinte, domingo, 26 de janeiro, a Igreja anglicana convidou os cristãos a unir-se com ela, em oração: «Há poucos anos, 20 % dos habitantes desta Terra eram cristãos! Hoje, chega a apenas 2 %. Enquanto alguns pessimistas pensam que os cristãos estão condenados a desaparecer, inspiro-me nos santos, chamados, como nós, a realizar o impossível; tenho certeza de que Deus nos julga capazes de cumprir milagres!», declarou o Rev. Suheil Dawani.
Segunda-feira à tarde, 27 de janeiro, na penumbra da Catedral armênia de S. Tiago, os fiéis escutaram a homilia do Padre Baret Yeretzian, que insistiu sobre o Amor, arquitrave de toda a vida cristã e, sobretudo, primeira doutrina de todas as Igrejas.
«É mais importante saber-se cristão do que católico, ortodoxo ou protestante. Quando chegarmos à presença do Senhor, não seremos interrogados em qual rito fomos batizados, mas se amamos», disse-nos Ir. Benedita.
Na quarta-feira à tarde, 28 de janeiro, nos luteranos, o Bispo Munib Yanan lançou a todas as Igrejas o apelo para que se reconheça o dom espiritual colocado pelo Senhor em cada uma das Igrejas. «Quando reconheceremos no outro as próprias qualidades e o próprio carisma? Às vezes, nós, como Igreja, esquecemos que nada nos pertence, mas tudo nos foi confiado para produzir frutos. Se não nos aceitarmos, não seremos aquela luz que Deus deseja que sejamos para mundo».
Quarta-feira, 29 de janeiro, celebração com os ortodoxos sírios e coptos que, juntos, animaram a oração na igreja S. Marcos. Mons. Severios Murad falou da figura de Cristo, um Cristo que não buscou honra, como acontece tantas vezes «aos nossos dirigentes ou a alguns chefes das Igrejas. Isso atrapalha nossa unidade, quando um ou outro de nós esquece de ser apenas uma só coisa com Deus e com o povo que crê».
Os fiéis rezaram, especialmente, pelo povo da Síria. Fr. Antônio, seminarista da Custódia, ao sair da celebração, declarou: «Pensei especialmente nas pessoas que sofrem no Oriente Médio, em especial, o povo da Síria. Rezei intensamente por todos, homens e mulheres, que procuram dar sentido à sua vida; para que nós, discípulos de Cristo, possamos ser luz em suas buscas».
Quinta-feira, 30 de janeiro, no Cenáculo, o Abade da “Dormitio Mariae”, P. Gregory Collins, recordou-nos de que o Senhor nos oferece, cada dia, a possibilidade de ser resgatados pelo sangue de Cristo.
«Meu coração bate mais forte quando estou no Cenáculo. É o lugar da unidade, lugar em que é vivo o laço com os primeiros cristãos», confiou-nos Fr. Antônio.
Sexta-feira, 31 de janeiro, no Patriarcado latino, os católicos acolheram os fiéis, acentuando o dever de partilhar todos os benefícios recebidos do Senhor.
Sábado à tarde, 01 de fevereiro, sob a cúpula estrelada da igreja etíope, o Arcebispo Daniel Aba, com seus religiosos, guiou os fiéis e peregrinos a um tempo de louvor e gratidão.
Enfim, domingo, 02 de fevereiro, o sorriso e a vivacidade do Bispo grego-católico, Mons. Joseph Zerey, sublinharam a gratuidade e a espontaneidade com que o Senhor ama a todos nós.
Nesse universo de cores e sons, cada Igreja pôde exprimir sua fé e «a beleza de suas tradições litúrgicas, históricas e teológicas», como nos observou Fr. Antônio.
A Espiritualidade franciscana não é estranha à instituição da Semana pela Unidade dos Cristãos. A idéia, nascida em 1909, é do Rev. Paul James Wattson, membro da Igreja anglicana americana, cuja missão principal era a de trabalhar na reconciliação entre os cristãos e melhorar seu diálogo. O Rev. Paul James Wattson tornou-se Frade e, espelhando-se na imagem de S. Francisco, deu a essa missão a forma que hoje conhecemos. Ao mesmo tempo, na França, o Padre Paul Couturier lançava a idéia na Europa. A obra do Padre Couturier e Frei Wattson foi reproposta pelo Concílio Vaticano II. Desde então, cada ano, uma comissão internacional e interconfessional, do Conselho pontifício e do Conselho Ecumênico das Igrejas, prepara essa semana, portadora de esperança e reconciliação.
E. Rey