Saudação ao Santo Padre – Custódio da Terra Santa – Cenáculo – 26 maio 2014 | Custodia Terrae Sanctae

Saudação ao Santo Padre – Custódio da Terra Santa – Cenáculo – 26 maio 2014

Beatíssimo Padre,
Para nós – e para a Igreja na Terra Santa, aqui representada pelos Ordinários católicos da Terra Santa e pelos Patriarcas das Igrejas do Oriente – é uma grande alegria estar com o Senhor neste Lugar Santo, testemunho do ardente desejo de Jesus de amar seus filhos até o fim. Este lugar viu cumprir-se todas as promessas de Deus, e sabe que nenhuma infidelidade do homem, nenhum temor, nem mesmo nossas traições, podem impedir sua Aliança de se cumprir até o fim, até à pro-fundidade onde seu Espírito habita em nós e nós nele.
Partindo do Cenáculo, adquirido para ser doado aos Franciscanos, no longínquo 1333, os Frades iam celebrar solenemente Missas cantadas e Divinos Ofícios no Santo Sepulcro, contam as crô-nicas. A abertura de S. Francisco à evangelização missionária, de fato, levou os Frades à Terra de nossa redenção, e a Igreja confirmou nossa missão de Custódios dos Lugares Santos.
Como o Senhor vê, não é uma basílica a guardar o lugar em que o Senhor celebrou sua última Páscoa, onde rezou pelos seus, onde – Ressuscitado – apareceu para dar-lhes a Paz, onde o Espírito desceu sobre os Apóstolos, reunidos em oração com a Virgem Maria.
Não se celebra a Eucaristia nesta sala, mesmo que hoje se faça exceção, onde Jesus partiu o pão e deu aos seus discípulos o cálice do vinho novo, dando-lhes o mandato de repetir essas suas palavras e gestos, realizando assim sua presença real para sempre em nosso meio.
Este é um dos lugares mais feridos de toda a Terra Santa, testemunha de tantas feridas nos povos que aqui habitam. Mas, queremos crer que essas feridas têm um laço misterioso e real com as chagas da Paixão, com as quais o Ressuscitado, aqui, apareceu aos seus. E esse laço também é mis-terioso e real ligado à Paz que Cristo nos deu e deixou, a Paz que é ele mesmo, o Senhor vitorioso sobre o mal e a morte.
Beatíssimo Padre, nós, a saber a Igreja, queremos guardar essas feridas. Mas, ao mesmo tempo, queremos guardar com tenacidade uma imensa confiança jubilosamente pascal: a confiança na humildade de Deus, no estilo pobre e simples de seu Reino, na paciência do grão de trigo. Este lugar nos constringe, de certo modo, a pequenos passos, nos conduz ao essencial, nos faz viver em humildade e confiantes na verdade; nos convida a crer que é a única via capaz de semear e construir comunhão e amizade, também onde comunhão e amizade são há séculos desmentidas.
Aqui, hoje, com o Senhor, queremos mais ainda crer que nada é impossível a Deus.
E queremos fazê-lo por esta terra e por toda terra; por esta Igreja e por toda Igreja, da qual o Cenáculo, assim como está, é símbolo eloquente.
Reunidos aqui, no encerramento de sua peregrinação na Terra Santa, damos graças a Deus por esta Eucaristia, sinal de fraternidade e comunhão, sacramento de unidade. A Igreja, una e indivisa, que nasceu aqui, faz ressoar em nossos corações o mandamento novo, sinal distintivo do seguimento do Cristo Senhor.
A cerimônia de ontem no Santo Sepulcro nos comoveu e o sonho da unidade das Igrejas, da qual o cenáculo é símbolo, pareceu-nos mais próximo e palpável, e nos fez exultar.
Em união com todo o povo desta Terra, ao final desta sua peregrinação, queremos expressar nosso sincero e afetuoso agradecimento pelo grande testemunho de paz e de unidade que nos concedeu e lhe asseguramos nossa oração constante e sincera aqui e em todos os Lugares da Redenção.
Obrigado!