Retiro dominical no Santo Sepulcro | Custodia Terrae Sanctae

Retiro dominical no Santo Sepulcro

«A Quaresma é tempo de conversão, e converter-se quer dizer volver-se a Cristo e ao seu Evangelho, através das práticas quaresmais do jejum, esmola e oração», recordou Fr. Artêmio Vítores, Vice-Custódio. Entre as «práticas quaresmais», Fr. Artêmio também mencionou, para os franciscanos de Jerusalém, a participação nos ofícios e celebrações no Santo Sepulcro, como também nas peregrinações da Quaresma.

Mas com isso, não se deve pensar que as celebrações no Santo Sepulcro sejam tão cansativas que constituam «penitência quaresmal»! Certamente, o ritmo é apertado e exigente. Mas, é necessário refletir sobre o fato de que as Liturgias da Quaresma, no Santo Sepulcro, são concebidas como etapas de subida à comunhão maior com o mistério pascal.

Os domingos da Quaresma são especialmente representativos. O próprio Patriarca é convidado pelos Franciscanos a fazer um retiro no Santo Sepulcro. Os Franciscanos, custódios dos Lugares santos, vão ao Patriarcado para convidá-lo a assistir uma missa, a qual não preside e durante a qual não faz homilia.

Nesse primeiro domingo da Quaresma, 17 de fevereiro, Fr. Feras Hijazin, pároco da paróquia, fez a homilia. Em sua fala, afirmou, mais ou menos, isto: “Lá onde estamos, no mundo como é, com suas tentações, a exemplo de Cristo, devemos fazer o dom generoso de nossas pessoas ao Senhor”.
A homilia foi em língua árabe, tal como havia sido o Evangelho, proclamado e cantado pelo diácono Fr. Sandro Tomašević.
Os confrades seminaristas acolheram as palavras, mesmo que a maioria não as entenda. Mas, serviu de encorajamento. A curiosidade dos seminaristas do Patriarcado foi alta. Também o Patriarca mostrou atenção especial à voz do diácono.
Na verdade, Fr. Sandro é croata. Foi enviado a Jerusalém pela sua Província franciscana para terminar os estudos seminarísticos. Chegou em setembro de 2010 e não tardou a aprender os rudimentos da língua árabe com os jovens da paróquia. «No meu país, participei da Juventude franciscana. Chegando aqui (tinha 26 anos), quis encontrar os jovens da Ação Católica. Encontrá-los em sua cultura.»
E pouco dizer que Fr. Sandro tem o dom das línguas. Além da língua croata, sua língua materna, fala fluentemente a língua italiana e inglesa; tem boa base na língua espanhola e alemã, e está aprendendo o árabe dialetal há apenas dois anos, mas procura praticá-lo o mais possível com os jovens da paróquia, que estão encantados pelo seu sorriso, seu bom humor, seu ardor pastoral e os acordes de seu violão.

Foi a terceira vez que Fr. Sandro proclamou o Evangelho em língua árabe. Talvez estivesse um tanto nervoso quando iniciou. «Tive que repeti-lo durante 5 ou6 dias.» E quando foi sentar-se para ouvir a homilia, estava ainda concentrado em seu papel de diácono. Mas, o sorriso de seus confrades seminaristas e o dos fiéis árabes presentes saudaram sua audácia.

A alegria é dupla para Fr. Sandro: a de ser diácono, de poder proclamar o Evangelho, pela primeira vez, no Santo Sepulcro, e de poder fazê-lo na cultura do lugar, aqui para onde Deus o chamou.
A rapidez com que Fr. Sandro aprendeu a língua árabe, sem pertencer à Custódia, merece menção. Mas, os Frades da Custódia estão habituados a isso. De fato, numerosos Frades italianos e espanhois sabem árabe e, às vezes, também hebraico. Fr. Athanase, texano, esteve na paróquia, na Síria.
Se durante alguns anos, o esforço em aprender as línguas locais esvanecera, atualmente a Custódia da Terra Santa instituiu um ano linguístico. Todo jovem Frade da Custódia deve consagrar um ano de seu itinerário franciscano para aprender uma língua da Custódia: árabe, hebraico, ou grego de preferência, mas é possível também aprender ou aperfeiçoar-se em outra língua.

Assim os frades da Custódia se preparam a servir o maior número possível de pessoas em suas respetivas línguas.