Formação permanente: para um cristianismo extrovertido e criativo | Custodia Terrae Sanctae

Formação permanente: para um cristianismo extrovertido e criativo

Ao convite do Conselho para a Formação permanente da Custódia da Terra Santa, sacerdotes, religiosos e religiosas, mas também Diretores de escola e Animadores de grupos, aprofundaram a questão da atividade pastoral, num tempo de formação, animados pelo Padre Francesco Iannone, Professor de Dogmática na Faculdade Pontifícia de Teologia da Itália Meridional.

Frequentemente oposta à Teologia, ou relegada a um segundo plano, a atividade pastoral é, no entanto, «a essência da Igreja», explicou o Professor Iannone, ao início da formação. No espírito do Concílio Vaticano II, aprofundou estes termos: «Tudo na Igreja é pastoral, pois o Senhor fundou a Igreja para os homens e não para si mesma. Tudo deve tender ao homem». Brilhante orador, propôs uma reflexão sobre Pastoral em três tempos, aprofundando, cá e lá, a Palavra, a Liturgia e, enfim, a Formação dos atores, no seio da Igreja.

Segunda-feira, 17 de fevereiro, o debate concentrou-se na Igreja, anunciadora do mistério e da Palavra de Deus. Terça-feira, foi organizado um atelier sobre Liturgia, «fonte e vértice da Pastoral», nutrindo uma troca intensa e comunhão de experiências entre os vários sacerdotes e frades presentes.

Na quarta-feira, o Professor Iannone abriu o debate sobre comportamentos e competências dos atores da Pastoral. Aproveitou da ocasião para afirmar a necessidade de humildade na Igreja, uma Igreja que deve ser um «meio oferecido ao povo para escutar a chamada do Pai, jamais seja uma finalidade», com o risco de não responder mais às expectativas dos homens, mas às próprias. Indicou, em seguida, uma série de obstáculos, como o de simplificar a atividade pastoral a uma organização de eventos ou emoções, mas também ao agarramento e à concentração da missão sobre uma só pessoa, reforçando a imagem de uma «super-hierarquia eclesial». Apelou, depois, a uma tomada de consciência: «Houve um “antes” e haverá um “depois” de vossa ação. Deus é dom e decidimos seguir o exemplo de Cristo. A Pastoral não é outra coisa que o amor de Cristo em ato e o amor não possui nada. Deixemos de falar de “nossa” Paróquia e de “nossos” fiéis; somos um todo a caminho».

Distinguindo «formação» e «informação», convidou os diversos responsáveis da atividade pastoral na Terra Santa a ser exigentes com eles mesmos. De fato, hoje, os fiéis têm mil alternativas para sua missa dominical e a Pastoral deve ser a ciência que concebe e renova a evangelização. Convidou, assim, a imaginar Centros de Formação Pastoral, não só para o clero, mas também para os leigos que começam a emergir na esfera religiosa oriental. Foi sobre esse fenômeno que se concentraram as perguntas durante a sessão. Que papel dar aos leigos? Como partilhar as atividades e distinguir as competências? A essas perguntas o Professor respondeu que «a Pastoral pede flexibilidade, continuidade e muita paciência, únicas condições para que a Igreja seja lugar de hospitalidade eucarística». Uma reflexão que Fr. Mário, sacerdote em Jericó, fez sua: «Os cristãos são minoria, por isso as próprias pessoas são muito solicitadas. Devemos convidar a repartir responsabilidades e missões eclesiais, é uma prioridade e um bem para a comunidade cristã».

A formação concluiu-se, na quinta-feira à tarde, com uma conferência sobre o tema: «Viver a Igreja no Oriente Médio». O Professor recordou a grande mudança deste século, a saber, o fim de uma Igreja «triunfante e poderosa, dominada por Roma», a favor de um retorno ao Homem e, por isso, a Jerusalém, cidade das origens. Depois, enfrentou a questão espinhosa da diminuição do número de cristãos, convidando a olhar a Jesus de Nazaré, que também morou neste Oriente Médio, claro, em outra época, mas que precisou aceitar um caminho muito difícil, uma cultura, várias línguas e comportamentos, às vezes, sem sentido e incômodos. «Cristo sabia que sua vida humana terminaria com uma queda, mas, consciente de sua pertença e de suas origens, não viveu na fatalidade; ao contrário, Ele pensou a um “depois”, a uma Igreja, ao que somos hoje», explicou o Professor Iannone. Alertou assim os cristãos contra a atitude de dobrar-se, «defender-se é tornar-se estéril, os cristãos devem compreender que só criando um espaço e vivendo a relação com o Outro, viverão plenamente sua relação com Deus». Na conclusão dessa sessão de formação, desejou uma «Custódia extrovertida, pois a abertura já é caridade». A Custódia e todos os participantes agradeceram calorosamente ao Professor Iannone, não só por seus preciosos ensinamentos, mas também por sua simpatia, seu humor, que fizeram dessa formação um tempo de verdadeira recarga espiritual e intelectual.

E.R.