Festa da Mãe de Deus e Jornada da Paz 2013, em Jerusalém | Custodia Terrae Sanctae

Festa da Mãe de Deus e Jornada da Paz 2013, em Jerusalém

Em Jerusalém, na terça-feira, dia 01 de janeiro de 2013, o Patriarca latino de Jerusalém, Mons. Fouad Twal, celebrou a missa solene da Festa da Santíssima Mãe de Deus e da Jornada mundial pela paz, na catedral do Patriarcado latino, lotada de fiéis. Com S.B. o Patriarca, concelebraram o Núncio apostólico Mons. Giuseppe Lazzarotto, Mons. William Shomali, Vigário patriarcal e Fr. Pierbattista Pizzaballa, Custódio da Terra Santa, além de numerosos Bispos e sacerdotes diocesanos e religiosos.
Em sua homilia, o Patriarca fez numerosas referências à mensagem que o Santo Padre escreveu por ocasião da XJVI Jornada da Paz e que tem como tema:“ Bem-aventurados os operadores de paz”.
Além disso, S.B. Mons. Twal sublinhou: “Nós, cristãos no Oriente Médio, devemos ser operadores de paz, instrumentos de reconciliação. Aqui temos nosso lugar. Nossa História nos ensina o importante, muitas vezes indispensável, papel de nossas comunidades cristãs no diálogo interreligioso e intercultural”.
No curso de sua homilia, Mons. Twal usou palavras de solidariedade para com os irmãos da Síria e da Faixa de Gaza, sublinhando: “Como não desejar ardentemente a paz na Síria e o fim do bloqueio de Gaza!”

Testo: Escritório da Internet
Foto por Andrea Bergamin


Homíla do patriarcado

Caros Irmãos Bispos,
Caros Padres, Caras Irmãs, Queridos amigos.
Obrigado por estarem aqui, para juntos entrarmos no ano de 2013. Saúdo-vos apresentando os meus votos de uma paz interior e exterior. Os votos que mutuamente nos desejamos comprometem-nos juntos para que, nas alegrias e nas dificuldades, nos sucessos e nos insucessos vivamos juntos este ano novo ao serviço da Igreja Mãe. Cada um, com os seus dons, os seus carismas, as suas orações. Por tudo isto, vos exprimo de novo, e desde já, minha estima e o meu reconhecimento, pois já vos devemos muito. Isto, sem esquecer nos nossos pensamentos todos os que nos deixaram no ano que passou. Que a oração nos una no Céu e na Terra.
Para a Igreja Católica, como sabeis, o dia 1 de Janeiro é o Dia Mundial da Paz. Este dia é consagrado à Virgem Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe. Ela saberá, melhor do que ninguém interceder pelos seus filhos e filhas que vivem nesta Terra Santa e que desejam a paz no Médio Oriente. Por ocasião do 1º de Janeiro de 2013, o Papa Bento XVI enviou-nos uma mensagem cheia de bom-senso e de interpelações, cujo tema foi tirado das Bem-aventuranças: « Felizes os artesãos da Paz ».O Papa convida todos os homens e todas as mulheres de Boa-vontade a trabalharem juntos na construção de uma sociedade com um rosto mais humano e solidário. Nesta perspectiva, o Papa consagrou uma grande parte da sua mensagem aos “verdadeiros” artesãos da paz, ou seja “aos” que amam e defendem a vida humana em todas as suas dimensões”. A mensagem anual do Papa encoraja cada um de nós a sentir-se responsável pela construção da Paz.
Aquilo que eu quero reter convosco é o pequeno vademecun concreto que nós dá Bento XVI, para um compromisso dos católicos na vida social, económica e política, fundamentada no programa das Bem-aventuranças. O Papa propõe um instrumento de reflexão para ultrapassar “os conflitos sangrentos que não terminam” e os “focos” de tensões e de oposições causados pelas crescentes desigualdades entre ricos e pobres. pelo domínio de uma mentalidade egoísta e individualista que se exprime igualmente por um capitalismo financeiro sem regras” O Papa não se esquece de se referir ao terrorismo e à criminalidade internacional, aos fundamentalistas e aos fanáticos,” que desfiguram a verdadeira natureza da religião.” » O nosso Próximo Oriente e a nossa Terra Santa bem-amados sofrem com este aumento no integrismo religioso que põem em perigo as perspectivas de diálogo e de coexistência entre religiões.
Para o Papa, a resposta a estes desafios de paz, encontra-se exactamente nas Bem-aventuranças evangélicas graças às quais é possível edificar uma sociedade “baseada na verdade. Na liberdade, no amor e na justiça” ». Mas, acrescenta ele, a paz verdadeira é uma “graça de Deus e obra do homem” Bento XVI, no seu livro “Jesus de Nazaré” comenta aliás o sermão da montanha « Jesus de Nazaré », a propósito da sétima bem-aventurança: “Felizes os artesãos da paz: eles serão chamados filhos de Deus”, e faz notar que “esta frase faz aparecer uma relação entre a filiação divina e o reino da paz». E prossegue: “Jesus é o Filho, e é-o na realidade. Trabalhar pela paz pertence pela sua natureza humana, por ser filho” Esta sétima Bem-aventurança convida-nos a ser e a fazer o que faz o “Filho de Deus” Isto é válido, prossegue o Papa, em primeiro lugar, em pequena escala no espaço de vida de cada um de nós. Só um homem reconciliado com Deus se pode reconciliar e estar em harmonia consigo próprio, e só um homem reconciliado com Deus e consigo próprio pode trabalhar pela paz à sua volta e propagá-la pelo mundo inteiro». « Paz sobre a Terra » (Lc 2 14), eis a vontade de Deus e por consequência a missão confiada aos homens.
Os Pastores são os primeiros a acreditarem na palavra dos anjos: ”Paz aos homens” A paz entre os homens não pode nascer nem desenvolver-se se não existir primeiro em cada homem, em cada família, em cada comunidade religiosa, em cada povo. Para lá do Presépio de Belém temos de abraçar com um único gesto toda a Terra Santa. O feliz desenlace do voto na ONU da Palestina como estado não membro, deve estimular a paz em toda a terra de Cristo. Convosco, eu sou a favor de que todos os meios para se alcançar a paz passem pela justiça, pelo diálogo e nunca pela violência. O caminho está semeado de obstáculos, mas a esperança guia-nos e o canto dos anjos sossega-nos. O Papa Bento XVI recebeu, há quinze dias em audiência, o Presidente da Autoridade Palestina Mahamoud Abbas, apelando às diferentes partes presentes no Próximo Oriente “à coragem da reconciliação e da paz “Comentando a sua visita ao Vaticano, O Presidente Mahamoud Abbas, confidenciou-me a sua enorme surpresa ao constatar o contentamento pelo voto a favor do Estado da Palestina.
Como não desejar ardentemente a paz na Síria e o fim do bloqueio de Gaza! Rezemos sem cessar para encorajar os homens de boa vontade para irem até ao fim dos seus esforços, recusando o ódio e respeitando as legitimas diferenças religiosas, culturais ou históricas.
Nós, cristãos do Médio Oriente, devemos ser os construtores da paz, os actores da reconciliação. Temos aqui o nosso lugar. A nossa História ensina-nos o papel importante e, muitas vezes primordial, das comunidades cristãs, no diálogo inter-religiosos e intercultural. Para isso é preciso que nos felicitemos com as iniciativas que nos ligam entre cristãos e que nos dão ainda mais força. Decidimos festejar a Páscoa, este ano, segundo o calendário Juliano. Os fiéis Anglicanos e Luteranos aderiram a esta iniciativa. Faço o voto para que um dia os ortodoxos dêem um corajoso passo para festejarem o Natal de acordo com o nosso calendário gregoriano.
Os Pastores do Presépio foram os primeiros que o adoraram e os primeiros mensageiros da “Boa Nova da Salvação” O Evangelho diz-nos que “depois de o terem visto, eles contaram o que lhes tinha sido anunciado a propósito desta criança.” Deus escolheu-os como as primeiras testemunhas do nascimento de Jesus. Cheios do amor de Deus e da paz de Deus, eles voltaram para os seus campos louvando Deus por tudo o que tinham visto e ouvido.
Na esteira do Sínodo para a Nova Evangelização, cabe-nos a nós sermos os pastores e partindo, de novo, do início, desde o presépio em Belém. Possamos nós sermos fiéis ao Menino do Presépio como estes pastores durante este Ano da Fé que a Igreja nos propõe viver. Que neste “Ano da Fé” possamos pedir também:
« Senhor aumenta em nós a nossa fé”
Senhor aumenta em nós o entendimento e a colaboração”
Senhor aumenta em nós a unidade e a comunhão. Amen.
Bom Ano de paz!

+Patriarca Fouad Twal