Felicitações do Pe. Pierbattista Pizzaballa Ofm Custódio da Terra Santa | Custodia Terrae Sanctae

Felicitações do Pe. Pierbattista Pizzaballa Ofm
Custódio da Terra Santa

Lc 3, 15: Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo...: esperando o messias que abraça a Anunciação, o Natal, o Batismo, as bodas de Caná, que explica a eterna expectativa do coração humano. Nossa vida de fé é uma vida de expectativa: sabemos que o Messias nascido em Belém é a resposta de Deus as expectativas do nosso coração . Todavia, sentimos que apesar de nosso engajamento e ideais, nossa fé continua fraca e está como que fechada numa gaiola devido ao nosso pecado. Quem pode saciar a sede de amor, atenção, sorriso, justiça, dignidade, verdade que nosso coração deseja para nós mesmos e para os outros? A fé nos ensina a viver na esperança: o tempo vem para aqueles que são capazes de esperar.

Precisamos nos deixar converter por esse tempo de espera dando a Ele nossos sonhos e fadigas, coragem e a serenidade no concreto de nossos dias. Pois sabemos que o Cristo nascido em Belém é a resposta de Deus. Somente Ele pode saciar nossa sede e as necessidades de nossos sentidos. A carência de nosso ser, nossa expectativa pode ser completada somente por sua irrupção. Não precisamos de grandes coisas para nos maravilharmos diante dessa realidade, não precisamos buscar por respostas longe de nós. Ele não está nos céus , para que digas: quem subirá ao céu para no-lo buscar e no-lo fazer ouvir para que o observemos? Não está tampouco do outro lado do mar, para que digas: quem atravessará o mar para no-lo buscar e no-lo fazer ouvir para que o observemos? Mas essa palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração e tu a podes cumprir (Dt 30, 12- 14). Essa consciência sempre nos surpreende.

Dessa certeza, devemos nutrir todo tempo nossas dúvidas, elevando nosso cansaço. O tempo de espera de um novo céu e uma nova terra é o tempo de nossa fé, mesmo quando somos chamados a esperar contra toda esperança. Pois a sede em nosso coração corresponde à fidelidade de Deus. Sabemos que Deus- conosco, em seu tempo, está esperando por nós. Ele espera ser encontrado. Não longe ou fora de nós mas em nosso coração e no coração de cada homem.

Mesmo em nosso Oriente Médio sedento por justiça e dignidade, verdade e amor, Cristo se deixou encontrar. Não olhemos a espera e à procura errada dos Herodes de nossos dias, mas àquele no qual os Magos se fizeram ricos. Não olhamos para a ilusória procura de Jerusalém de todos os tempos, mas pela admiração, a qual nos prepara e permite receber os pastores de Belém. Não ouvimos os medos do mundo mas o coral dos anjos que anunciam a salvação: “hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.” (Lc 2, 11). Ainda somos capazes desta admiração? Ainda somos capazes do humilde, dócil e vigilante discernimento?


Certamente! Somos realistas. Não mudaremos a sorte do mundo. Não resolveremos os problemas de nossas nações laceradas e divididas. Mas ninguém pode impedir-nos de amá-los, de fazer justiça em nosso pequenos contextos. Ninguém pode roubar a dignidade que nos foi dada. Ninguém pode tirar de nós o amor e a esperança que foram derramados em nossos corações e que não engana. ( cf. Rm. 5, 5)

O tempo de natal nos chama numa alegre fidelidade a receber os dons de Deus, deixar nosso coração aberto, amplamente aberto, para esperança, justiça e amor. Isso é o que o Natal nos ensina. Todo ano. Mesmo neste ano, nos turbilhões de dramas ao nosso redor, nos deixemos maravilhar. Nos deixemos encontrar pelo Deus conosco que está nos esperando no limiar de nosso coração.


Feliz Natal!