Nesta seção você encontrará alguns textos franciscanos, textos importantes que podem ajudá-lo a entender melhor a vida de São Francisco e sua ordem, eles também evocarão a espiritualidade especial que os Frades experimentam todos os dias na Terra Santa.
É através de uma série de textos literários, escritos por pessoas que o conheceram pessoalmente, que conhecemos a vida de São Francisco.
Em vez de simplesmente referências históricas, devemos considerá-las como "pedras vivas" que formam o quadro dentro do qual um grande movimento religioso tem seguido os preceitos e exemplos de seu Mestre.
Você pode encontrar aqui alguns dos textos!
Regra bulada (LR 2,1-3.5-6: FAED I, 100)
1 Aqueles que quiserem seguir esta vida e vão ter com os nossos irmãos, mandem-nos estes a seus ministros provinciais, aos quais somente e não a outrem, se conceda licença de receberem irmãos.Testamento (Test 14-23: FAED I, 125-126)
E depois que o Senhor me deu Irmãos ninguém me mostrou o que eu deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia Viver segundo a forma do santo Evangelho.Primeira Vida - Tomás de Celano (1C 6-7: FF 329-330)
Tinha predileção por um jovem de Assis, porque era de sua idade e uma amizade plenamente compartilhada permitia contar-lhe seus segredos. Levava-o muitas vezes a lugares afastados e aptos para os seus planos, garantindo que tinha encontrado um tesouro precioso e enorme.
5 Alegre e curioso e curioso pelo que ouvira, o amigo ia de boa vontade com ele todas as vezes que era chamado.
6 Havia uma cripta perto da cidade, à qual iam com freqüência para falar do tesouro.
7 O homem de Deus, já santificado pelo desejo de ser santo, entrava na cripta enquanto o companheiro ficava esperando do lado de fora e, tomado pelo novo e singular espírito, orava ao Pai na solidão.
8 Esforçava-se para que ninguém soubesse o que fazia lá dentro, para que o segredo fosse causa de maior bem, e buscava só a Deus em seu santo propósito.
9 Orava com devoção para que Deus eterno e verdadeiro dirigisse seu caminho e o ensinasse a cumprir sua vontade.
10 Sustentava em sua alma uma luta violenta e não conseguia parar enquanto não realizasse o que tinha resolvido em seu coração. Pensamentos muito variados entrecruzavam-se nele, importunando-o e perturbando-o duramente.
11 Ardia interiormente pela chama divina e não conseguia esconder o fervor de sua alma. Doía-lhe ter pecado tão gravemente e ofendido os olhos da majestade de Deus. As vaidades do passado ou do presente já não o agradavam, mas ainda não recebera plenamente a confiança de poder resistir-lhes no futuro.
12 Por isso, quando voltava para junto do companheiro, estava tão cansado que nem parecia o mesmo que tinha entrado.
Segunda Vida - Tomás de Celano (2C 6: FAED II, 245)
1 De fato, pouco depois, teve a visão de um esplêndido palácio, em que encontrou toda sorte de armas e uma noiva belíssima.Legenda dos Três Companheiros (L3C 7: FAED II, 71-72)
1 Não muitos dias depois que voltou a Assis, certa noite foi escolhido como senhor pelos seus companheiros para fazer as despesas conforme a sua vontade.
2 Então mandou preparar um suntuoso banquete, como já tinha feito muitas vezes.
3 Após a refeição saíram de casa. Os companheiros iam juntos na frente cantando pela cidade, e ele ia um pouco atrás, levando um bastão como senhor, não cantando mas meditando diligentemente.
4 Eis que, de repente, foi visitado pelo Senhor, e seu coração ficou repleto de tanta doçura, que não podia nem falar, nem se mexer, e era incapaz de sentir ou de ouvir outra coisa, a não ser aquela doçura que de tal modo o alienara do sentido carnal, que, como ele mesmo disse depois, mesmo se naquele momento fosse cortado em pedaços, não poderia mover-se daquele lugar.
5 Quando os companheiros olharam para trás e o viram tão longe deles, voltaram e, aterrorizados, viram-no como que mudado em um outro homem.
6 E perguntaram-lhe: “Em que pensaste que não vieste conosco? Será que pensaste em te casar?"
7 Respondeu-lhes com viva voz: “Dissestes a verdade, eu estava pensando em receber a esposa mais nobre, mais rica e mais bela que jamais vistes”.
8 Zombaram dele. Mas ele disse isso não por si mesmo e sim inspirado por Deus; pois essa esposa era a verdadeira religião que abraçou, mais, nobre, mais rica e mais bela que as outras pela pobreza.
Legend of the Three Companions (L3C 11: FAED II, 74)
1 Certo dia, estando a orar com mais fervor, foi-lhe respondido: - “Francisco, se quiseres conhecer a minha vontade, deverás desprezar e odiar tudo o que carnalmente amaste e desejaste possuir.Segunda Vida - Tomás de Celano (2C 10: FAED II, 249)
Já inteiramente mudado de coração, e a ponto de mudar no corpo, passou um dia pela igreja de São Damião, que estava abandonada por todos e quase em ruínas.
2 Levado pelo Espírito, entrou para rezar e se ajoelhou suplicante e devoto diante do crucifixo. Tocado por uma sensação insólita, sentiu-se todo transformado.
3 Pouco depois, coisa inaudita desde séculos, a imagem do Crucificado, abrindo os lábios da pintura, falou com ele.
4 Chamando-o pelo nome, disse: “Francisco, vai e repara minha casa que, como vês, está se destruindo toda”.
5 A tremer, Francisco espantou-se não pouco e ficou fora de si com o que ouviu.
6 Tratou de obedecer e se entregou todo à obra.
7 Mas, como nem ele mesmo conseguiu exprimir a sensação inefável que teve, também nós temos que nos calar.
8 Sua santa alma foi tomada desde então de compaixão pelo Crucificado e, como podemos julgar piedosamente, os estigmas da paixão ficaram profundamente gravados nele desde esse dia: no corpo ainda não, mas sim no coração.
Legenda dos Três Companheiros (L3C 19-20: FAED II, 79-80)
1 Depois correu ao palácio da comuna queixando-se do filho diante dos cônsules da cidade, e pedindo que o obrigassem a restituir o dinheiro que levara, espoliando a casa.
2 Os cônsules, vendo-o tão perturbado, por meio de mensageiro, intimam ou convocam Francisco a comparecer diante deles.
3 Ele, respondendo ao mensageiro, disse que pela graça de Deus já tinha sido libertado e não se submetia mais aos cônsules, porque só era servo do Deus Altíssimo.
4 Os cônsules, por sua vez, não querendo forçá-lo, disseram ao pai: “Desde que se pôs ao serviço de Deus, subtraiu-se ao nosso poder”.
5 Vendo o pai que nada conseguia junto aos cônsules, propôs a mesma reclamação diante do bispo da cidade.
6 O bispo, porém, discreto e sábio, chamou-o o modo devido para comparecer a fim de responder à demanda do pai.
7 Ele respondeu ao enviado: “Ao Senhor Bispo irei, porque ele é pai e senhor das almas”.
8 Foi, então, ao bispo, que o recebeu com grande alegria.
9 E o bispo disse: “Teu pai está muito irritado e escandalizado contigo.
10 Por isso, se queres servir a Deus, devolve-lhe o dinheiro que tens. O qual, como provém provavelmente de bens injustamente adquiridos, Deus não quer que o empregues em obras da igreja, por causa dos pecados de teu pai, cujo furor vai se acalmar quando o receber.
11 Tem pois, filho, confiança no Senhor, e comporta-te varonilmente; não tenhas medo porque Ele será o teu auxílio e para as obras de sua igreja dar-te-á abundantemente o que for necessário”.
Segunda Vida (2C 15: FAED II, 253-254)
15Legenda dos Três Companheiros (L3C 30-31: FAED II, 86-87)
Legenda de Santa Clara Virgem (LCl 7-8: CAED 285-286)
7 Bem depressa, para que o pó do mundo não pudesse mais empanar o espelho daquela alma límpida e o contágio da vida secular não fermentasse o ázimo de sua idade, o piedoso pai tratou de retirar Clara do século tenebroso.
Aproximava-se a solenidade de Ramos, quando a jovem, de fervoroso coração, foi ter com o homem de Deus, para saber o que e como devia fazer para mudar de vida. Ordenou-lhe o pai Francisco que, no dia da festa, bem vestida e elegante, fosse receber a palma no meio da multidão e que, de noite,deixando o acampamento (cfr. Hb 13,13), trocasse o gozo mundano pelo luto da paixão do Senhor.
Quando chegou o Domingo, a jovem entrou na igreja com os outros, brilhando em festa no grupo das senhoras. Aconteceu um oportuno presságio: os outros se apressaram a ir pegar os ramos, mas Clara ficou parada em seu lugar por recato, e o pontífice desceu os degraus, aproximou-se dela e lhe colocou a palma nas mãos.
De noite, dispondo-se a cumprir a ordem do santo, empreendeu a ansiada fuga em discreta companhia. Não querendo sair pela porta habitual, com as próprias mãos abriu outra, obstruída por pesados troncos e pedras, com uma força que lhe pareceu extraordinária.
Nesta seção você encontrará algumas das mais belas orações franciscanas.
Estas orações vão abrir o seu coração e mente, como fizeram para você, revelando a simplicidade e profundidade de Francisco e seus amigos ...
Vós sois o santo, Senhor Deus único, que fazeis maravilhas.
Vós sois o Forte, Vós sois Grande, Vós sois o Altíssimo, Vós sois o Rei onipotente, vós, ó Pai santo, o Rei do céu e da terra.
Vós sois o Trino e Uno, Senhor Deus dos deuses, vós sois o Bem, todo o bem, o sumo bem, Senhor Deus vivo e verdadeiro.
Vós sois amor, caridade; vois sois a Sabedoria, vós sois a Humildade; vós sois a Paciência, vós sois beleza, vós sois mansidão, vós sois segurança, vós sois quietude, vós sois regozijo, vós sois esperança e alegria, vós sois justiça, vós sois temperança, vós sois toda nossa riqueza até à saciedade.
Vós sois beleza, vós sois mansidão, vós sois protetor, vós sois guarda e defensor nosso; vós sois fortaleza, vós sois refrigério.
Vós sois nossa esperança, vós sois nossa fé, vós sois nossa caridade, vós sois toda a nossa doçura, vós sois nossa vida eterna: grande e admirável Senhor, Deus onipotente, misericordioso Salvador.
Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
teus são o louvor, a glória e a honra e toda a bênção.
Somente a ti, ó Altíssimo, eles convém,
e homem algum é digno de mencionar-te.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o Senhor Irmão Sol,
o qual é dia, e por ele nos iluminas.
E ele é belo e radiante com grande esplendor,
de ti, Altíssimo, traz o significado.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e pelas estrelas,
no céu as formaste claras e preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento,
e pelo ar e pelas nuvens e pelo sereno e todo o tempo,
pelo qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,
que é mui útil e humilde e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo
pelo qual iluminas a noite,
e ele é belo e agradável e robusto e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a mãe terra
que nos sustenta e governa
e produz diversos frutos com coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, por que perdoam pelo teu amor,
E suportam enfermidade e tribulação.
Bem aventurados aqueles que as suportarem em paz,
porque por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a morte corporal,
da qual nenhum homem vivente pode escapar.
Ai daqueles que morrerem em pecado mortal:
bem-aventurados os que ela encontrar na tua santíssima vontade,
porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei ao meu Senhor,
e rendei-lhe graças e servi-o com grande humildade.
Ave, rainha sabedoria,
o Senhor te salve com tua Irmã, a santa e pura simplicidade!
Senhora santa pobreza,
o Senhor te salve com tua Irmã, a santa humildade!
Senhora santa caridade,
o Senhor te salve com a tua Irmã, a santa obediência!
Santíssimas virtudes todas,
salve-vos o Senhor de quem vindes e procedeis!
Não há absolutamente em todo o mundo nenhum homem que possa ter uma de vós se antes não morrer.
Aquele que tem uma e não ofende as outras tem todas. E aquele que ofende uma não tem nenhuma e a todas ofende. E cada uma delas confunde os vícios e pecados.
A santa sabedoria confunde a satanás e todas as suas malícias. A pura e santa simplicidade confunde toda a sabedoria deste mundo e a sabedoria da carne. A santa pobreza confunde a ganância e a avareza e os cuidados deste mundo. A santa humildade confunde a soberba e todos os homens que há no mundo e igualmente todas as coisas que há no mundo.
A santa caridade confunde todas as tentações diabólicas e carnais e todos os temores da carne. A santa obediência confunde todas as vontades próprias, corporais e carnais, e mantém o corpo mortificado para a obediência ao espírito e ao seu irmão e torna o homem súdito e submisso a todos os homens que há no mundo, e não somente aos homens, mas também a todos os animais e feras, para que possam fazer dele o que quiserem, tanto quanto lhes for permitido do alto pelo Senhor.