Hortus Conclusus: a jóia preciosa das Irmãs do Horto | Custodia Terrae Sanctae

Hortus Conclusus: a jóia preciosa das Irmãs do Horto

Grande Santa Festa no santuário do Hortus Conclusus, um dos santuários menos conhecidos da Terra Santa. Quem presidiu a Santa Missa foi o Custódio da Terra Santa, Fr. Francesco Patton.

Construído em quatro anos sobre a colina diante do vilarejo de Artás,no território de Belém, o território verdejante dosantuário e sua arquitetura contrastam com a aridez caaterísitca da área.O santuário foi forte desejo do Mons. Mariano Soler, Arcebispo de Montevidéu (Uruguai) ese ergue imponente no pequeno vale, apoiado à montanha. Por causa de sua fertilidade foi sempre identificado como “jardim (hortus, em Latim) fechado" do qual se lê no verseto 12 do capítulo 04 do Cântico dos Cânticos: "Jardim fechado tu és , irmã minha, esposa, jardim fechado, fonte selada". Foi em 1885 quando o Arcebispo, em peregrinação na Terra Santa,decidiuempenhar-se em construir um lugar projetado para o louvor incessante à Virgem Maria,à base dessafrase do Cântico.

Após a construção, o santuário foi confiado às Filhas de Maria Santíssima do Horto, como sinal material do Amor do Mons. Soler para com a Senhora do Horto e suas filhas, junto às quais, no Uruguai, foi sempre refúgio para repousar e confortar-se na oração. Em 1904, foi agregado ao Santuário da Beata Virgem do Horto de Chiavari e, um ano depois, foi agregado à Basílica Santa Maria Maggiore, gozando dos privilégios e indultos concedidos a essa Basílica.

Por causa de suas caraterísticas naturais, o Hortus é utilizado, já por diversos anos, como casa de retiros de grupos, Movimentos e Fraternidades que o reservam para isso. Muitos chegam a esse oásis através de retiros espirituais, entre esses também jovens em formação dos Frades Menores da Custódia da Terra Santa.
Atualmente, a Superiora da Casa é Irmã Rosa de Toro, originária daArgentina, que vive no Hortus desde 2005. Inicialmente estava ocupada na formação das noviças e postulantes, na Província religiosa de Córdoba,desde 2005, a irmã é a Superiora ali.

Como a Senhora encontrou essa Congregação?
Recebi educação católica e, desde jovem, iniciei a guiar crianças no Catecismo e, com elas, também eu iniciei a rezar e enamorar-me de Jesus. Procurava uma Congregação que não exigisse um apostolado único porque havia intuído que minha tarefa devia ser a de colocar-me totalmente à disposição, a mim e minha liberdade, para que pudesse fazer todo e qualquer tipo de apostolado.A única coisa que me interessava era a de seguir Jesus para onde quer que ele quisesse que eu fosse. Um sacerdote conduziu-me a essas irmãs e me aproximei delas, entrando no Noviciado em 1987 – tinha então vinte anos, agora estou com 52. Em minha vida como religiosa jamais me arrependi de ser “agarrada” por Jesus nesse jeito de viver.

Qual é o carisma de vosso Instituto?
Nosso nome é claro: Irmãs de Caridade Filhas de Maria Santíssima do Horto. Nosso carisma fundante é a "caridade evangélica vigilante". A Congregação nasceu em 1829 porque, naquele tempo, não havia consagradas de vida ativa em Chiavari e a única presença religiosa era representada pelas Irmãs de S. Vicente, de vida contemplativa. Por isso nosso Instituto foi fundado respondendo a uma necessidade de "ir aonde outros não podiam ir", no sentido físico, e "respondera todos os tipos de necessidades– sem ter um tipo de apostolado preciso - a menos que não seja impossível ou inopportuno".

De onde vêm os peregrinos ao Santuário?
Artás é vilarejo completamente muçulmano, mas nosso santuário é muito frequentado. Os fiéis vêm de todos os lugares, seja de Israel como da Palestina, de Beit Shour, Beit Jala, Belém, Jerusalém e da Galiléia. Durante o ano, muitos chegam em visita à Nossa Senhora, inclusível diversos fiéis do rito grego ortodoxoo.

Em que modo pensa que seja positiva a presença do Santuário neste lugar?
Frequentemente me perguntam sobre o significado de nossa presença aqui nesta terra. Dizem-me: “O que fazem ali se não converteis ninguém? Todos são muçulmanos aqui”. Não viemos para converter alguém. Estamos aqui para custodiar este pedaço de Terra Santa, que mantém viva a imagem de Nossa Senhora, prefigurada no livro Cântico dos Cânticos. Creio que seja presença super profética porque aqui todos se sentem em casa: os franciscanos, o Patriarcado latino, os muçulmanos, hebreus, armênios, sírios, gregos ortodoxos. Aqui todos se sentem como filhos, Nossa Senhora os une.
Os doces que distribuímos no dia da festa de Nossa Senhora – celebrada no domingo, dia 09 de setembro – e as flores para a decoração não foram ocupação das Irmãs: foram os gregos ortodoxos. Não pedimos ofertas, a Providência chega, pois as pessoas amam Nossa Senhora.

Que atividades tivestes nesses anos?
Nesse momento, oferecemos um serviço que nem todas as casas de acolhida oferecem: somos casa de retiros. Oferecemos estrutura e condições necessárias para todos os grupos que vêm, a ponto de eles se sentir em suas próprias casas. Fechamos as portas do Santuário a fim de criar ambiente adequado. Não oferecemos luxo, não temos nem ar condicionado, mas as pessoas procuram silêncio e paz, não a comodidade: ocorre manter-se em oração e procurar Deus. Creio que o serviço maior que podemos oferecer seja exatamente este: fazer com que os cristãos não se esqueçam de que Deus os ama.
Além disso, desde 1901, temos um ambulatório,fechado há dois anos porque atualmente seja impraticável por causa da pouco zelo pelo terreno situado na frente. Desde a fundação do Santuário havia um orfanato ligado à escola que acolhia meninas órfãs cristãs e acolhia também crianças que viviam longe demais para favorecer sua frequência. Observando o modo em que as Irmãs educavam essas meninas, os genitores muçulmanos de Artás pediram que as Irmãs abrissem uma escola materna a fim de eles pudessem inscrever também seus filhos. Por isso, desde 1974, abrimos a escola materna que, atualmente, conta com cinquenta crianças muçulmanas de quatro a cinco anos de idade.

O que lhes diz habitar neste lugar?
Antes de tudo para a Congregação este santuário é uma joia, verdadeiramente algo muito precioso. Este Santuário está diretamente ligado à Nossa Senhora do Horto de Chiavari, o lugar que faz referência aos versos dos Cântico dos Cânticos.
Para mim é como viver na fonte da qual bebemos nossa espiritualidade mariana e bíblica. Nossa pobreza, que nos torna capazes de “ir para onde outros não podem ir, vem da gruta de Belém, portanto está tudo aqui: O Cântico e o Natal, este lugar é a base de toda a minha vida.

Giovanni Malaspina